Ontem, dia 18/09/2018, antes do por do sol, começou o jejum do Dia do Perdão judaico, o Iom Kipur, que acaba com o surgimento das estrelas na noite de quarta-feira.
Por que os judeus jejuam no Iom Kipur?
Iom Kipur – o Dia do Perdão – marca o momento em que o patriarca Moisés desceu do Monte Sinai carregando as segundas Tábuas da Lei, sinal de que D’us havia perdoado o pecado do bezerro de ouro.
A Torá descreve o dia de Iom Kipur como um dia de perdão e um dia de jejum. Ambos levam a pessoa a reflexão. A capacidade de perdoar é demonstração de um amor mais profundo e incondicional que consegue apagar o rancor, a raiva e a mágoa que existe dentro de nós.
Da mesma forma que ao perdoarmos o nosso próximo estamos demonstrando que existe um vínculo que se mantém em todas as situações, assim também D’us, através do Seu perdão, demonstra que existe entre nós uma relação de essência além de qualquer condição. Um amor incondicional que nos torna responsáveis de agir da mesma forma para com nosso semelhante.
Perdão, portanto, simboliza o poder de transcendermos o ego e alcançarmos a essência do nosso ser. Neste sentido, o jejum tem o mesmo significado: a capacidade de controlar e transcender nossas necessidades mais básicas e desta forma revelar a essência pura de nossas almas.
O jejum, com a sensação de fome e fraqueza, traz à nossa consciência e coração, a solidariedade e a lembrança daqueles que, infelizmente, Iom Kipur e seu jejum é a realidade diária. Possamos refletir nestas palavras e encontraremos, em nosso coração, espaço para o amor incondicional, o perdão, a solidariedade e a prática do bem.
Observação: Edith Stein nasceu nessa festa, embora tenha sido no dia 12 de outubro de 1891. Sua mãe considerou esse nascimento uma grande dádiva e uma profecia.
Este texto é uma contribuição de Ilana Novinsky, autora de Em busca da verdade em tempos sombrios
Ilana Waingort Novinsky tem graduação em Ciências Sociais, pós-graduação em Antropologia Social e é doutora em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Faz parte do grupo de trabalho do projeto do Museu da Tolerância de São Paulo.
Formada pelas Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, há muitos anos acompanha o trabalho do Prof. Dr. Gilberto Safra, um dos orientadores de sua tese de doutorado.
Vive em São Paulo, onde atende, desde a década de 1980, em seu consultório, jovens e adultos em psicoterapia e psicanálise.