Edith Stein ingressa no Carmelo de Colônia como postulante em quatorze de outubro de 1933 aos 42 anos de idade. Em 15 de abril recebe o hábito e escolhe o nome de Teresa Benedita da Cruz. Tal como relata em seu escrito autobiográfico: Como cheguei ao Carmelo de Colônia (STEIN, 2002, p. 497), quando o “Terceiro reich” foi introduzido em janeiro de 1933 na Alemanha tendo Adolf Hitler como Chanceler, Edith Stein era professora no Instituto alemão de pedagogia em Münster (Westfalia). Em 1º de abril do mesmo ano ela havia sido obrigada a abandonar o seu posto de docente por causa de sua origem judaica, mesmo tendo recebido o batismo e se convertido à fé católica. Apesar de uma grande tristeza pelo que estava acontecendo, Edith percebe a mão de Deus e agarra essa oportunidade para concretizar um antigo desejo de tornar-se carmelita, dedicando todo o seu tempo à oração e intercessão pelos dois povos a que ela fazia parte: o povo judeu e o povo alemão.
Edith Stein sofreu muito por causa da não aceitação de sua mãe e parentes, todos judeus, mas deu esse passo com muita fé e coragem, ciente de que estava buscando a verdade com todas as suas forças, assim como fez a sua querida Madre Teresa de Jesus.
Depois de minha última visita a meus familiares em Breslau e uma custosa despedida de minha querida mãe, o sábado passado entrei no convento das carmelitas, e desta maneira sou uma filha de santa Teresa, graças a qual eu me converti.
(STEIN, 2002, p. 1057).
O primeiro escrito de Edith no Carmelo foi um texto sobre a vida e obra de Teresa de Jesus, possivelmente para a festa da purificação de Maria de 1934. Nesse momento Edith Stein já havia recebido a autorização do Provincial da Alemanha, Padre Teodoro Rauch, para que continue sua atividade como escritora e filósofa no Carmelo. O título do seu primeiro escrito é: Amor com amor, e seu subtítulo: Vida e obra de santa Teresa de Jesus. Ele foi publicado entre setembro de 1934 em Friburgo (Suíça), em uma coleção: Pequenas Biografias e depois em Ausburg (Baviera), numa versão reduzida. O texto utilizado para esse trabalho é o da versão original, editado em 1987 pela Edith Steins Werke (V. XI, p. 40-88) e sua tradução espanhola pelas Obras completas (v. V, p.491-541).
Edith Stein utiliza para seu relato os próprios escritos de santa Teresa, recorrendo raramente a alguns poucos comentadores. Para as citações feitas por Edith Stein de trechos das obras de Teresa será utilizada a edição brasileira das Obras Completas, texto estabelecido por Frei Tomas Alvarez, OCD. São Paulo, Edições Carmelitanas, OCD; Edições Loyola, 1995. Serão usadas, quando citadas, as seguintes abreviações: Livro da vida (V); Caminho de perfeição (C); Castelo interior ou Moradas (M); Fundações (F); Relações (R).
Dois aspectos serão utilizados como fio condutor dessa apresentação da vida de santa Teresa por Edith Stein: (1) a escolha dos fatos retirados das principais obras de Teresa não só apresentam de modo muito fidedigno os traços mais característicos dessa grande santa mulher, como também revelam traços semelhantes da personalidade da própria Edith, que se autodenomina “sua filha”; (2) as graças e experiências sobrenaturais vivenciadas por Teresa, assim como a vida espiritual de Edith Stein após o seu encontro pessoal com Jesus Cristo, não inibem ou apagam os traços característicos de suas personalidades, mas eles são intensificados, inclusive aqueles que poderiam parecer danosos para uma vida reclusa de oração, e direcionados para um fim ainda maior: o pleno desenvolvimento de própria personalidade no amor a Deus e ao próximo.
Relato de Teresa por Edith Stein: semelhanças de vida e de personalidade
Edith Stein inicia o seu relato da vida de santa Teresa evocando um paralelo entre as dificuldades vividas no tempo de Teresa de Ávila – a Espanha do início do século XVI, dividida por guerras políticas e religiosas – e as dificuldades do seu próprio tempo – a Alemanha do início do século XX, envolvendo-se em guerras e divulgando o ódio contra outros povos como um meio de combater o sofrimento e a pobreza. Assim como ocorre na época de Teresa, a vida de oração e reclusão no Carmelo é apresentada por Edith como o modo de se lutar contra essa situação:
Em nossa época, na qual se tornou manifesta a impotência de todos os meios naturais para combater a miséria em todas as terras, despertou novamente uma compreensão nova para o poder da oração, da expiação e da reparação vicária. Daí a afluência aos crentes a lugares de oração e o clamoroso desejo pelos conventos de vida contemplativa, cuja vida é consagrada à oração e à expiação
(STEIN, 2004, p. 495).
No desejo de descrever a vida e as obras de santa Teresa, Edith busca “transplantar em nosso tempo algo do espírito que invadia essa grande mulher que, em um século de lutas e turbulências, construiu um maravilhoso edifício” (STEIN, 2004, p. 495), para despertar no leitor de sua pequena descrição o desejo de conhecer mais a fundo os próprios escritos da santa e, bebendo dessas fontes, encontrar nelas “ânimo e força” (STEIN, 2004, p. 496). A preocupação pedagógica de Edith permanece após a sua entrada no Carmelo e ela se propõe a escrever não apenas para as monjas reclusas, para toda pessoa que estivesse buscando um novo ânimo naquela situação caótica pré-guerra em que se encontrava a Alemanha e a Europa como um todo.
No Brasil de hoje também vivenciamos uma situação em que o desânimo parece se instaurar em nossa sociedade, pois os nossos “meios naturais” – a economia, a política, a educação, os governos etc. – não parecem estar conseguindo prover o mínimo que a natureza e o espírito humano necessitam. Talvez seja um momento de se voltar a esses grandes exemplos e aprender com essas “duas Teresas”: Teresa de Jesus e Teresa Benedita da Cruz. Para ambas os tempos de crise são também aqueles em que Deus quer se comunicar de modo ainda mais forte com seus filhinhos e capacitá-los a contemplar e valorizar aquilo que é essencial para a própria realização e felicidade, como indivíduo, como pessoa e como povo.
O leitor é convidado a também traçar um paralelo entre a sua própria vida e a dessas duas grandes personagens que souberam viver intensamente o seu tempo, indo para além deles, não se deixando abater pelas dificuldades, aproveitando livremente de toda e qualquer situação, por mais desfavorável que parecesse, para amadurecer a vocação de amor a Deus e ao próximo.
Infância e juventude: desenvolvimento dos dons naturais
Teresa nasce em 28 de março de 1515, filha de Don Alonso de Cepeda e sua segunda esposa, dona Beatriz de Ahumada. Ambos os pais eram piedosos e virtuosos, procurando animar os filhos a viver uma vida autenticamente cristã. Sua mãe possuía uma saúde muito frágil e por isso Maria, a filha mais velha do seu pai, ajudou na educação de Teresa e de seus irmãos menores. Teresa era a sexta dos filhos do seu pai e a terceira dos de sua mãe. Quando dona Beatriz faleceu, eram ao todos onze irmãos: três irmãs e nove irmãos.
Edith Stein nasce em 12 de outubro de 1891, na cidade prussiana Breslávia, e é a menor de onze irmãos do casal Siegfrid Stein e Auguste Courant, apesar de quatro terem morrido bem cedo. Sua mãe, uma judia piedosa, mas adepta de uma educação liberal, nunca impôs uma estrita observância do judaísmo em casa, além de permitir e incitar os filhos e filhas a desenvolverem a própria personalidade. Edith, a caçula, configura desde pequena um caráter forte, mostrando-se muito determinada em tudo o que decidia fazer. Ela adorava ler, estudar, manifestar as suas opiniões junto aos irmãos mais velhos e era levada a sério por eles. Mas também era colérica e voluntariosa quando contrariada. Apesar disso era muito amável, gentil, ligada À sua família e disposta a ajudar a todos.
Teresa também gozava de um convívio estreito com os pais e com os irmãos, tendo em Rodrigo, quatro anos mais velho do que ela, o seu grande companheiro de infância. O ambiente piedoso de sua família a conduz a nutrir desde cedo um grande amor a Deus e à oração, assim como uma grande alegria ao dar esmola aos pobres. Junto com seu irmão Rodrigo gostava de ler a vida dos santos e ficava especialmente impressionada pelo relato dos mártires. Aos sete anos de idade Teresa convenceu Rodrigo a fugir com ela para ambos morrerem decapitados na “terra dos mouros” e assim ficarem logo junto de Deus. Felizmente um tio os encontrou quando já haviam atravessado as muralhas da cidade e os levou de volta para casa. Após esse incidente Teresa continuou a construir com o seu irmão Rodrigo pequenos eremitérios no jardim para recolher-se em oração e brincar com suas amigas fingindo que era monja.
O falecimento prematuro de sua mãe foi para Teresa, que contava com apenas 13 anos, um corte radical:
Quando comecei a perceber o que havia perdido, ia aflita a uma imagem de Nossa Senhora e suplicava-lhe, com muitas lágrimas, que fosse ela a minha mãe. Parece-me que, embora o fizesse com simplicidade, isso me tem valido; porque reconhecidamente tenho encontrado na Virgem soberana sempre que me encomendo a ela e, enfim, voltou a atrair-me a si.
(V 1,7 apud. STEIN, 2004, p. 498).
Edith relata que Teresa se deu conta de recorrer a essa ajuda especial, pois havia perdido sua mãe quando mais precisava dela. Ela passa a falar dos encantos naturais da juventude em Teresa:
Lindos cachos negros que caiam sobre a sua fronte clara; seus olhos luminosos denunciavam o entusiasmo de sua alma; seu andar e trejeitos possuíam uma graça natural e dignidade. A vivacidade de seu espírito e sua encantadora amabilidade em suas relações sociais constituía um estímulo impossível de se resistir.
(STEIN, 2004, p.499).
Mas tão admiráveis dons naturais, que se assemelham bastante às características que amigos e biógrafos relatam da jovem Edith Stein, também consistiam um perigo para a jovem Teresa, que foi se inclinando para uma vida fútil, presa às vaidades do mundo. Edith, nessa mesma fase de sua juventude, com quatorze anos de idade, sem usufruir muito da presença materna por causa do falecimento prematuro do pai e da decisão da mãe de se ocupar dos negócios para sustentar a família, decide abandonar em segredo a religiosidade judaica, desacreditando de tudo o que não lhe parecia certo e verdadeiro, inclusive Deus, optando por confiar apenas em suas capacidades e na sua vida interior para empreender a sua busca pela verdade. O resultado dessa decisão é a primeira grande crise existencial de Edith Stein, aos 17 anos, que culmina com a decisão de deixar os estudos e ficar um tempo morando em Hamburgo com a irmã Else e o cunhado, cuidando de seus sobrinhos. Também nos estudos ela não havia encontrado a verdade que estava buscando.
Teresa segue em sua adolescência, sem a presença da mãe, deliciando-se com a leitura de romances nada edificantes. Dona Beatriz foi quem permitiu que a filha conhecesse esse tipo de leitura, muito característica da época na Espanha. Por causa de sua longa doença, dona Beatriz ficava muito tempo acamada e gastava de se entreter lendo romances de cavalaria. Embora o pai não estivesse de acordo, ela deixava que sua filha os lesse. Com a morte da mãe Teresa submergiu nessas leituras de modo ininterrupto e apaixonado. Sua imaginação ficou povoada por essas imagens de cavaleiros românticos que dissiparam aquelas primeiras imagens piedosas das lendas infantis. A própria Teresa relata essa sua transformação:
Comecei a enfeitar-me e a querer agradar com a boa aparência, a cuidar muito das mãos e dos cabelos, usando perfumes e entregando-me a todas as vaidades. (…) Durou muitos anos esse requinte demasiado, ao lado de outras coisas que não me pareciam pecado.
(V 2,2 apud. STEIN, 2004, p. 499).
Teresa tinha muitos admiradores, mas o pai era muito zeloso e só permitia a entrada de parentes em sua casa. Uma parenta, de quem a mãe de Teresa não aprovava o comportamento quando era viva, passou a frequentar muito a casa e a ser má influência para a jovem, avivando nela ainda mais a tendência às conversações frívolas e vaidades. Teresa relata no Livro da vida que em si essas conversas não eram pecado, mas a afastavam de Deus, visto que a conduziam para um apego demasiado ao mundo. Quando o pai soube dessa má influência decidiu, com muito pesar, separar-se de sua filha predileta e a enviou para o colégio interno do convento de Nossa Senhora das Graças, das irmãs agostinianas, em Ávila. Teresa estava com 16 anos de idade e no início sentiu-se como numa prisão, mas em pouco tempo recuperou o antigo estado de ânimo e adaptou-se bem à solidão e tranquilidade do internato.
Se por um lado as más influências podem desvirtuar a conduta de uma pessoa de boa índole, as boas podem rapidamente fazê-la retornar ao bom caminho, e foi isso que aconteceu com Teresa. A irmã Maria de Briceño, mestra das colegiais seculares e grande educadora, foi o meio escolhido por Deus para dar uma nova luz à Teresa:
Comecei a gostar da boa e santa conversa dessa monja, agradando-me ouvi-la falar tão bem de Deus. Ela era muito discreta e santa. (…) Ela me contou que decidira ser monja apenas por ter lido as palavras do evangelho: Muitos são os chamados, poucos os escolhidos. Ela me falava da recompensa dada pelo Senhor a quem deixa tudo por Ele. Essa boa companhia foi dissipando os hábitos que a má tinha criado, elevado o meu pensamento no desejo das coisas eternas e reduzindo um pouco a imensa aversão que sentia por ser monja.
(V 3,1. apud. STEIN, 2004, p. 501).
Teresa ficou nesse colégio interno um ano e meio, e retomou o hábito de fazer orações vocais, mas sem muito fervor. A vida religiosa continuava a não atraí-la, mas também não pensava em casar-se. Ela diz que sua alma ainda estava apegada à sensualidade e à vaidade e toda vez que vinha o pensamento de ser monja, ele não era forte o suficiente para persuadi-la.
Foi quando Teresa ficou pela primeira vez gravemente doente e precisou retornar à casa paterna. Decidiram que ela ficaria na casa de campo de sua irmã Maria, pois seria melhor para sua saúde. Quando seu pai foi buscá-la, como precisou se ocupar de negócios, deixou Teresa em Hortigosa na casa do tio, Pedro Sánchez. O irmão de don Alonso era extremamente piedoso e dedicava sua vida à oração e leitura de livros espirituais. Como Teresa estava sempre preocupada em ser simpática com todos, ela acabou lendo vários deles:
“(…) embora não me agradassem muito esses livros, eu mostrava que sim: porque, no tocante a dar prazer aos outros, mesmo que me custasse sacrifícios, eu me esforçava muito.”
(V 3,1 apud. STEIN, 2004, p. 502).
Mas ela foi prontamente cativada pelas Epístolas de São Jerônimo, pela Moralia de São Gregório e pelas obras de santo Agostinho, sentindo reviver o entusiasmo pelos santos em sua infância.
Teresa pensa na vida passada e teme pela sua condenação, caso morresse naquele momento. Não quer mais expor-se a tal perigo e decide, enfim, tornar-se monja. Vencida a luta interior inicia agora outra luta: ao comunicar sua decisão ao pai, ele não aceita, pois teme separar-se de sua filha predileta. As súplicas do tio e dos irmãos não são inúteis, ele está decidido. Mas Teresa também estava, e convence outro irmão, Antonio, dois anos mais jovem – pois Rodrigo não estava na Espanha, mas na América – a tornar-se frade, persuadindo-o das vaidades do mundo. Eles decidem fugir da casa paterna durante a noite, indo ele para o Mosteiro de Santo Tomás, dos dominicanos, e Teresa para o Mosteiro da Encarnação, das carmelitas, onde se encontrava uma grande amiga sua. Apesar de sua decisão, Teresa sofreu intensamente a separação de sua família, mas com o auxilia da Graça conseguiu levar a termo o seu propósito:
(…) Lembro-me bem, e creio que com razão, que o meu sofrimento ao deixar a casa paterna não foi menor que a dor da morte. Eu tinha a impressão de que os meus ossos se afastavam de mim e que o amor de Deus nãoe Ra maior d que o amor ao meu pai e à minha família, sendo necessário fazer tamanho esforço que, se o Senhor não tivesse ajudado, as minhas considerações não teriam bastado para que eu progredisse. No momento certo, o Senhor me deu ânimo na luta contra mim mesma e, assim, levei adiante o meu propósito.
(V 4,1. apud. STEIN, 2004, p. 503).
Edith fez tardiamente esse mesmo percurso de entrar no Carmelo de Colônia contra a vontade de sua mãe. Ela já contava com 42 anos, mas a separação da família, especialmente da sua mãe, não foi menos dolorosa. Naquele momento tanto ela quanto Teresa experimentou a Graça de Deus que vem em auxílio da fragilidade da natureza. Em ambas Deus respeitou e auxiliou a decisão tomada de modo pessoal, livre, consciente e motivada pelo amor. Edith poderia ter escrito sobre a sua própria experiência o que acredita ter acontecido nesse momento em que Teresa entrou no Carmelo:
“estava, pois claro, que a misteriosa graça de Deus a guiava para onde deveria dirigir seus passos com uma certeza interior”.
(STEIN, 2004, p. 503).
Sob o influxo da graça
Edith interrompe por um momento o relato da vida de Teresa para conta a história da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, fundada pelo Profeta Elias. No tempo das Cruzadas os eremitas do Monte Carmelo receberam uma organização monástica e o patriarca Alberto de Jerusalém escreveu, a pedido deles, a regra primitiva (1209):
“em solidão e em silêncio devem meditar as leis do Senhor dia e noite, jejuar assiduamente segundo antigo costume, e segundo o conselho do Apóstolo, ganhar o necessário para viver modestamente com o trabalho das próprias mãos”
(STEIN, 2004, p. 504).
Com a perseguição muçulmana os monges foram obrigados a fugir e levaram a Ordem para o Ocidente. Na baixa Idade Média aconteceu com os carmelitas algo semelhante a tantas outras ordem religiosas: a observância austera foi sendo relaxada e o Papa Eugenio IV, a pedido dos religiosos, mitigou a regra primitiva promulgando um novo documento em 1435. Sob essa nova regra vários conventos carmelitas foram fundados no século XV, entre eles o convento da Encarnação de Ávila. Quando Teresa entrou nesse convento em 1535 a regra mitigada era seguida propriamente há várias décadas e as Constituições eram observadas com fidelidade. Apesar do ambiente ricamente decorado, da vida cômoda e da supressão de grande parte dos jejuns e das penitências e da possibilidade de um livre trato com os seculares, havia monjas com profunda religiosidade e conduta exemplar. Em 1560 o convento contava com umas 190 monjas.
“Apesar de tudo isso, as Constituições proporcionavam um ambiente onde cada qual podia se entregar inteiramente à oração. Teresa percorreu aqui todas as etapas de sua vida interior até o cume”
(STEIN, 2004, p. 504).
A liberdade interior e exterior é aqui sublinhada por Edith. O influxo da graça pressupõe não só a natureza de cada pessoa humana, mas a sua decisão livre. Foi isso que Teresa encontrou no Mosteiro da Encarnação, como também foi o que atraiu a própria Edith para a vida de carmelita no Carmelo de Colônia.
Teresa conseguiu convencer o seu pai que aquele era o melhor caminho para ela atingir a perfeição cristã a ponto dele se propor a seguir tal caminho, embora permanecendo junto aos seus familiares e administrando os seus negócios. Todo o entusiasmo e determinação de Teresa dirigiram-se agora para a busca de perfeição na vida monástica:
Com a mesma integralidade com que havia abandonado a casa paterna, se volta agora para a nova vida de clausura, entregando-se à oração, ao exercício da obediência e à caridade com as irmãs. A recompensa foi enorme. O medo frente ao juízo e a preocupação com a salvação eterna, que a princípio a levaram a decidir tomar tal valente resolução, cedem lugar a um amor inflamado a Deus.
(STEIN, 2004, p. 505).
Edith, por meio de sutis observações, apresenta a sua teoria sobre a estrutura da pessoa humana e sua formação: o amor a Deus torna a pessoa melhor, mas nunca a transforma em algo diferente do que ela é, por sua própria natureza, ou ainda, o influxo da graça não faz surgir na pessoa agraciada nenhuma característica diferente daquela que ela já possui, em potência, dentro de suas inúmeras possibilidades, mas apenas faz com que ela desenvolva algumas e consiga dominar outras que prejudicam a sua realização como pessoa. O meio e as influências boas ou más, tanto de pessoas diretamente, mas também das mesmas pessoas através de seus escritos, também cumprem um papel na formação da personalidade, mas da mesma forma que a graça, nunca poderão fazer com que alguém se torne algo que já não estava, em potência, no seu próprio ser. Nossas características pessoais, quando nos deixamos conduzir pela graça, se aperfeiçoam em seus aspectos positivos, que passam a dominar com mais facilidade os negativos. Foi o que Edith experimentou na sua vida e o que ela identificou também no relato da vida de Teresa:
(…) Nos momentos livres passava horas inteira em meditação frente o tabernáculo. Isso lhe trouxe alguns aborrecimentos, pois algumas irmãs menos dadas à oração a acusavam de exagero nesse aspecto. Mas nada pode afastá-la do caminho tomado. O amor a Deus revitalizou a amabilidade e a sua disposição a agradar a todos com um novo estímulo e uma mais nobre motivação.
(STEIN, 2004, p. 505).
Além da grande dedicação à vida de oração Teresa aproveitava toda ocasião para exercer a caridade ao próximo. Passou a cuidar de um a monja gravemente doente que as outras monjas sentiam repulso ao ser aproximar. O modo como a monja padecia pacientemente as suas dores despertou em Teresa a admiração e o desejo de também padecer para oferecer a Deus tal sofrimento, ganhando assim bens eternos para si e para os outros. Teresa diz que naquele momento não tinha claro que a motivação do seu pedido era o seu amor a Deus, mas com certeza uma luz já a permitia intuir o baixo preço dos bens perecíveis comparados com o alto preço dos bens eternos se pode ganhar que com eles. Deus atendeu prontamente o seu pedido.
Teresa foi acometida por outra grave doença, e desta vez nada a fazia melhorar. Seu zeloso pai, depois de tê-la levado por vários médicos em vão, decide conduzi-la a uma famosa curandeira em Becedas. Na ida passou mais uma vez pela casa de seu tio Pedro Sanchez, que lhe presenteou com um livro sobre oração e recolhimento, o Abecedário do Padre Osuna, que logo se converteu em seu guia espiritual. Depois Teresa passou o inverno na casa da irmã Maria, esperando a primavera para poder viajar até Becedas. Lá manteve sua vida de oração e de recolhimento, mesmo estando fora do mosteiro.
Edith observa que tudo o que Teresa está vivenciando nesse momento sem ainda ter muita consciência do que estava acontecendo em sua alma será relatado por ela em suas obras como um percurso que Deus convida seus filhos a seguir por meio da oração. Para o leitor que se interessar ela indica a leitura, além do Livro da vida, o Caminho de perfeição e o Castelo interior. Sugere que aquele que não está costumado com escritos espirituais comece com o Caminho de perfeição, especialmente lendo a explicação do Pai Nosso, exemplo de oração de meditação.
Nesse momento do relato da vida de Teresa Edith faz uma nova pausa para explicar, em poucas palavras, os graus da vida de oração, a fim de que a vida da santa seja compreendida de modo mais profundo:
A oração é a relação da alma com Deus. Deus é amor e amor é bondade que se entrega a si mesma; uma plenitude do ser que não se fecha em si mesmo, mas se comunica aos outros, que quer se entregar aos outros e torna-los felizes. (…) A oração é o ato mais sublime de que é capaz o espírito humano. Mas não é um ato apenas humano. A oração é como a escada de Jacó, pela qual o espírito humano sobre até Deus e a graça de Deus desce aos seres humanos. Os degraus da oração se diferenciam entre si à medida da participação entre a potência da alma e a graça de Deus. Aí onde a alma com suas potências não consegue mais atuar, mas é apenas como um jarro que se preenche pela graça, se está falando de vida mística de oração.
(STEIN, 2004, p. 507).
Teresa percorreu todos os graus da oração ao longo de muitos anos sem dar-se conta e sem poder explicá-los aos outros: ela começou com a oração vocal (no tempo em que esteve no colégio interno e nos primeiros anos no mosteiro da Encarnação) e depois foi sendo conduzida por Deus à oração de meditação, onde as potências da alma – o entendimento, o coração e a vontade – se envolvem conjuntamente na oração, buscando um maior amor a Deus e desse modo transformam o ser humano em sua totalidade. Se o Senhor quiser premiar a alma que procurar sobir esses degraus, tal como fez Teresa, ela poderá chegar á oração de quietude, onde as potências da alma se recolhem em Deus, apenas usufruindo de sua presença:
“chegamos aqui nas fronteiras da vida mística da graça, que não podem ser atravessadas com a força humana, mas apenas com a força divina que nos atrai a ela”.
(STEIN, 2004, p. 508).
Teresa chegou até o último grau da oração de quietude, recebendo várias graças místicas extraordinárias, tais como êxtases e visões. Tudo isso lhe foi concedido por Deus para
“instruir a alma sobre seu próprio estado e sobre o estado de outras almas; de familiarizar a alma com os segredos divinos e a preparar para uma determinada missão, que o Senhor tem preparado para ela”
(STEIN, 2004, p. 509)
Essas graças são concedidas aos santos por Deus e muitas vezes aparecem em uma ocasião e depois desaparecem. Mas existem algumas almas a quem o Senhor quer se vincular de modo duradouro, e assim foi com Teresa:
“Estabelece uma aliança com elas, que se chama noivado místico. Ele espera dessas almas que se dediquem completamente a seu serviço; mas se preocupa especialmente com elas e está sempre disposto a realizar os seus pedidos”
(STEIN, 2004, p. 509).
Finalmente Teresa atingiu o maior grau da graça divina que ela mesma denominou de “matrimônio místico”, onde cessam todas as graças extraordinárias e a alma fica totalmente unida a Deus, gozando de sua presença inclusive em meio aos afazeres exteriores, que não impedem mais essa perfeita união.
O grande efeito da vida de oração em Teresa, assim como também deve ter sido o que foi experimentado por Edith Stein, é o de um progressivo amor a Deus e às almas. Aquele encanto natural, compartilhado por Teresa e por Edith, capaz de influenciar de modo inaudito as relações humanas, adquire uma força irresistível quando potencializado pelo amor sobrenatural.
Teresa experimentou pela primeira vez esse poder em Becedas, com um padre que a confessava. Ele próprio vivia uma relação de pecado e a presença de uma alma pura que se acusava com amargo arrependimento de alguns pequenos tropeços o tocou de tal modo que ele confessou o pecado que há anos vinha cometendo. Teresa não descansou até ver o padre livrar-se das correntes que o prendiam ao pecado, transformando-se em um penitente arrependido.
Após ter atingido tal estado de oração Teresa retornou de Becedas à sua casa ainda mais doente. A família e as monjas perderam a esperança de que pudesse recobrar a saúde e a notícia de sua morte eminente se espalhou pela cidade. No mosteiro já haviam aberto a cova para a sua sepultura. De repente ela voltou a si, abriu os olhos e deu a entender que durante esse período de quase morte havia visto cosias extraordinárias, inclusive Deus a tinha mostrado o céu e o inferno.
Ao sentir-se um pouco melhor, pediu para retornar ao convento, onde ficou acamada e padecendo de muitas dores por alguns anos, mas sempre consolada em Deus. Nunca reclamava de nada e a sua atitude edificava a todos que a acompanhavam. Pela vivência da doença na oração e no amor a Deus Teresa experimentou o amadurecimento de novas virtudes, que também eram percebidas pelas suas companheiras que se animavam a também praticá-las.
Depois de três anos de sofrimentos Teresa pediu a Deus a sua cura e recorreu à intercessão de São José, a quem permaneceu muito devota durante todo o resto de sua vida, especialmente durante a reforma da ordem e a fundação de novos mosteiros.
Ao se recuperar da doença Teresa passa a se encontrar por muito tempo com parentes e amigos no parlatório, encantando a todos com seus dons e conversações. Apesar de saudáveis, elas a foram afastando da vida de oração e de intimidade com Deus, que permitiu tudo isso para que Teresa depois animasse a quem tivesse atingido um alto grau de oração e depois viesse a perder a intimidade com Deus. Mas o grande erro da santa não foi o de afastar-se da oração, mas o de não se sentir mais digna da graça, fugindo da oração de maior intimidade com Deus, permanecendo fiel apenas às orações vocais feitas junto à comunidade. Teresa percebe que caiu nesse erro “sob a capa da humildade”, pois sentia que estava enganando os outros que a consideravam tão próxima do Senhor e com isso se afastava ainda mais de Deus. Mas ao examinar o que estava vivenciando ela afirma que sua atitude não era motivada por hipocrisia e vangloria, pensando sempre em não ofender a Deus. Ele, por sua vez, não a abandonava e vinha em seu socorro, especialmente para alertá-la quando estava se envolvendo demasiadamente com pessoas que não a ajudariam a crescer em seu caminho espiritual.
Um dia tomou coragem e contou ao seu pai que já não tinha mais uma oração de intimidade com Deus, mas não conseguiu assumir a responsabilidade por esse afastamento e pôs a culpa na longa doença que ela tinha atravessado. Conta que o fato do pai ter acreditado lhe causou uma dor ainda maior, mas essa não foi suficiente para mudar o seu comportamento. Teresa ficou oscilando entre o amor a Deus e o amor ao mundo por mais ou menos um ano, o que a fazia sofrer, especialmente durante a oração, pois percebia que não se abandonava a nenhum deles. Segundo ela era Deus quem a sustentava e permitia tudo isso com o intuito de lhe conceder graças ainda maiores.
Seu pai ficou muito doente e Teresa teve a graça de passar os últimos dias ao lado de sua cama. A experiência com o modo como seu pai enfrentou a doença e desejou a morte para encontrar-se com Deus fez Teresa mudar a sua atitude e pediu para confessar-se com o padre dominicano que acompanhou o seu pai moribundo. Ela foi recomendada a voltar à vida de oração, que nunca mais deixou. Mas continuou ainda por muitos anos em um duro combate espiritual, pois na vida de oração percebia com clareza que estava oscilando entre Deus e o mundo. Deus continuava favorecendo-a com inúmeras graças, o que a fazia sofrer mais ainda, pois se sentia indigna se tais favores por causa do seu pouco amor.
Edith comenta que tudo isso que santa Teresa relata “se trata do processo ordinário da vida interior, segundo a maioria das almas agraciadas, que Deus atrai para si, geralmente fazendo gozar sua presença com alegrias sobrenaturais para logo em seguida submeter à prova sua fidelidade” (STEIN, 2004, p. 515). A santa aguentou 14 anos essas lutas interiores, recebendo graças e depois se vendo privada das alegrias e vivenciando uma grande secura espiritual, sem que a sua fidelidade se debilitasse. Até que na Semana Santa de 1555, quando entrou no oratório viu imagem do Cristo coberto de chagas que a tocou profundamente. Ela sentiu que o seu coração se partia e chorou copiosamente, assim como a Madalena, de quem era muito devota. Pediu a Deus para não mais ofendê-lo e desde então só cresceu em sua confiança em Deus.
Pouco depois esse “impulso da graça” foi corroborado com a leitura das Confissões de Santo Agostinho – livro que tocou bastante Edith Stein, que o leu quando ainda não estava completamente convertida. Teresa diz que se reconheceu no relato das Confissões e isso a deu um grande ânimo e a fez reconhecer de modo ainda mais claro o grande amor que Deus tinha por ela.
A santa havia feito 40 anos de idade quando o Senhor a premiou pela sua perseverança. Permitiu que ele passasse da oração de meditação para a oração de quietude ou de contemplação, onde a vontade se deixa cativar e aprisionar por Deus, ocasionando assim um maior crescimento das virtudes, visto que a alma passa a fruir da união com o Senhor. Se a vontade fica presa em Deus, a memória e o entendimento permanecem livres, podendo tratar dos negócios e dedicar-se às obras de caridade sem deixar de estar na presença dele. A alma não deseja mais nenhum dos prazeres do mundo, mas apenas gozar e fruir em Deus.
Teresa conta que esses estados de união eram bem curtos no início, mas os efeitos que eles deixavam na alma eram profundos. Em pouco tempo Deus opera na alma o que ela, com o esforço do intelecto, não teria alcançado em muitos anos. A humildade se torna também mais profunda e com ela o abandono em Deus, muitas vezes seguido pelo êxtase, onde nem as faculdades, nem os sentidos, são capazes de atuar. Quando isso acontece a alma vê de um modo cristalino todas as “teias de aranha” e as minúsculas “poeiras” das faltas que ainda possui no seu interior, procurando transformar-se e aperfeiçoar-se ainda mais para ser digna de tão grande amor:
Essas confissões nos revelam toda a essência da Santa: a delicadeza de sua consciência, que se acusava com um amargo arrependimento, ao passo que não era possível encontrar nela uma mancha sequer; o ardor de seu amor, que estava pronto a oferecer-se para a gloria de Deus; a preocupação com as almas, que queria arrancar com todas as suas forças da corrupção e conduzi-las à paz do Senhor. Porém, como lhe foi dado realizar grandes coisas como instrumento eleito pelo Senhor, ainda teria que experimentar os mais amargos sofrimentos.
(STEIN, 2004, 519)
Edith passa a narrar a saga de Teresa para a reforma do Carmelo e a fundação dos novos Mosteiros. Apresenta os vários meios pelos quais Deus se utilizou de pessoas para conduzi-la pelo seu caminho e a docilidade com que Teresa se deixava conduzir, nunca duvidando de seu amor por ela e pelas almas. Deus permitia grandes provações, mas, ao mesmo tempo, concedia inúmeras graças para que ela levasse a termo a reforma de toda uma ordem religiosa, não só feminina, mas também masculina. Seus grandes companheiros de empreitada foram os padres Antonio de Jesus e João da Cruz. Suscitou também leigos que ajudaram nas fundações de novos mosteiros, deixando-se também guiar docilmente por Deus, seguindo o exemplo de Teresa. E inclusive dentro do clero suscitou auxílio para que, numa sabia decisão, a ordem carmelita decidisse separar as províncias daqueles que queriam seguir a regra primitiva, como Teresa, chamados de “Descalços”, e os que desejavam permanecer fiéis à regra mitigada, os “Calçados”.
Quando tudo parecia estar resolvido e a Santa acreditava que poderia, enfim gozar de um pouco de intimidade em Deus na solidão de um de seus mosteiros, aparece um novo pedido de fundação. Era já o ano de 1582 e ela empreende a sua última viagem deixando Ávila para fundar um novo mosteiro em Burgos. Depois de várias visitas aos mosteiros que passava pelo caminho ela se dirige a Alba, onde se encontrava a duquesa Maria Enríquez de Toledo, grande benfeitora daquele convento. Com as forças completamente esgotadas Teresa ainda consegue seguir por nove dias cumprindo as orações do mosteiro, até ser obrigada a ficar na cama. No dia 2 de outubro ela se confessa, recebe o viático no dia 3 e com um grande ímpeto, com palavras de grande devoção, passa mais esse dia. À tarde recebe os santos óleos e no dia 4, pelo testemunho de Maria de São Francisco, às sete da manhã Teresa volta para elas o seu rosto, muito lindo e iluminado, que parecia não possuir mais nenhuma das inúmeras rugas e , com grande serenidade e sorrindo, entregou a sua alma a Deus.
Depois disso, vários fatos extraordinários se sucederam no enterro da Santa, o corpo incorrupto, milagres durante sua vida e após a morte, o coração exumado que aparece com a marca da seta do amor a Deus que ela relatou ter recebido de um Anjo. Mas muito maiores do que todos esses fatos extraordinários, Teresa deixou uma grande obra: o convento masculino e os 16 femininos fundados por ela e seus escritos espirituais, feitos por obediência aos seus confessores, em meio a seus trabalhos e ocupações, que contam entre os mais importantes clássicos da literatura espanhola:
Em uma linguagem reta, incomparável e autêntica narra os milagres que a graça de Deus operou em uma alma escolhida; conta os infatigáveis trabalhos de uma mulher forte e varonil; desvela a inteligência natural e a sabedoria divina, a profundeza do conhecimento humano, o humor engenhoso de um espírito rico, a abundância infinita do amor de um coração esponsal e materno. Dentro da Ordem que ela fundou, todos a quem foi dada a graça de poder ser chamados seus filhos e filhas olham a sua mãe com amor agradecido e não possuem outro desejo do que o de ser preenchido com o seu espírito para percorrer, pela sua mão, o caminho da perfeição até a meta final.
(STEIN, 2004, p. 541)
Edith Stein morre em Auschwitz-Birkenau em nove de agosto de 1942, juntamente com sua irmã Rosa, também convertida ao catolicismo. Ela cumpriu o voto de buscar a perfeição que aprendeu de sua mãe Teresa até o final de sua vida. Aceitou levar a cruz de Cristo e morrer como holocausto de expiação pelos seus dois povos a que fazia parte: o povo judeu e o povo alemão. Deixou-nos também inúmeras obras. Que ainda estão para serem descobertas pelo público brasileiro, e um testemunho de coerência e busca da verdade na plena liberdade. Um exemplo a ser seguido nos tempos sombrios em que estamos vivendo.
Referências
STEIN, E. “Vida de una familia judía” In.: “Escritos autobiográficos y cartas”. v. I. Burgos/Vitoria/Madrid: Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2002.
________. “Como llegué al Carmelo de colonia” In.: “Escritos autobiográficos y cartas”. v. I. Burgos/Vitoria/Madrid: Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2002.
________. “Amor con amor: Vida e obra de santa Teresa de Jesús”. In.: “Escritos espirituales. En el Carmelo Teresiano: 1933 – 1942”. v. V. Burgos/Vitoria/Madrid, Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2004.
________. “El castillo interior”. In.: “Escritos espirituales. En el Carmelo Teresiano: 1933 – 1942”. v. V. Burgos/Vitoria/Madrid, Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2004.
________. “Problemas de la formación de la mujer”. In.: “Escritos antropológicos e pedagógicos: Magisterio de vida cristiana: 1926-1933”. v. V. Burgos/Vitoria/Madrid, Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2003.
________. “Estructura de la persona humana”. In.: “Escritos antropológicos e pedagógicos: Magisterio de vida cristiana: 1926-1933”. v. V. Burgos/Vitoria/Madrid, Editorial Monte Carmelo – Ediciones El Carmen – Editorial de Espiritualidad, 2003.
TERESA DE JESUS. “Livro da Vida”. In.: “Obras completas”. São Paulo: Editora Loyola e Edições Carmelitanas, OCD, 1995, p.19-291.
_______________ “Caminho de perfeição”. In.: “Obras completas”. São Paulo: Editora Loyola e Edições Carmelitanas, OCD, 1995, p. 293-429.
_______________. “Castelo interior”. In.: “Obras completas”. São Paulo: Editora Loyola e Edições Carmelitanas, OCD, 1995, p. 431-588.
_______________. “As fundações”. In.: “Obras completas”. São Paulo: Editora Loyola e Edições Carmelitanas, OCD, 1995, p. 589-772.
_______________. “As relações”. In.: “Obras completas”. São Paulo: Editora Loyola e Edições Carmelitanas, OCD, 1995, p. 773-839.