No caminho da verdade (1913-1921)
1913

A partir do mês de abril, Edith Stein continua seus estudos universitários em Gotinga, seguindo os seminários de Husserl.
Edith demonstra tanta rapidez e clareza na compreensão do método fenomenológico que impressiona o próprio Husserl. Ela é convidada a participar do Círculo de fenomenólogos de Gotinga.
É publicado o primeiro volume, Ideias para uma fenomenologia pura e uma filosofia fenomenológica de Husserl. Edith Stein teve a oportunidade de ouvir, em primeira mão, explicações e comentários feitos pelo próprio Husserl, assim como observar a recepção da obra por parte de seus alunos e colegas mais próximos.
Ela também pôde acompanhar de perto as investigações que Husserl vinha desenvolvendo sobre a constituição da natureza e do espírito – dimensão específica do ser humano– que seriam publicadas no segundo volume de Ideias para uma fenomenologia pura e uma filosofia fenomenológica.
Encontra-se com Max Scheler, um judeu convertido ao catolicismo: o mundo da fé se apresenta diante dela; a religião é uma realidade. Rompimento de seu agnosticismo e queda de pré-conceitos religiosos.
1914

Prepara seu exame de Estado (licenciatura) e inicia a redação de sua tese doutoral: Sobre o problema da empatia.
Explode a 1ª Guerra Mundial, a Alemanha declara guerra à Rússia e à França.
1915

Em janeiro faz o seu exame de Estado “pro facultate docendi” em história, filosofia e germanística.
Com um alistamento voluntário na Cruz Vermelha, de abril a setembro torna-se assistente de enfermeira no hospital austríaco de doenças contagiosas de Mährisch-Weisskirchen. Com a guerra, Edith Stein experimenta uma nova realidade, a morte.
1916



No seu regresso é convidada a dar aulas de latim em sua antiga escola, na Breslávia. Defende sua tese, O problema da Empatia, e obtém o título de doutora em filosofia pela Universidade de Friburgo, para onde tinha ido Husserl. Obtém a nota máxima: suma cum laude. A tese é publicada em 1917, mas sem a primeira parte, onde Stein faz uma análise histórica de todos os autores que trataram do tema da empatia antes de Husserl. O motivo disso foi a escassez de recursos no país, que se encontrava em guerra.
Edith Stein permanece em Friburgo, para onde Husserl tinha se transferido, e é convidada por ele a ser sua assistente particular. Ela ficará apenas dois anos com Husserl, pois percebe que não está conseguindo desenvolver suas próprias pesquisas, tendo de dedicar muito tempo para a compilação dos textos de Husserl que seriam publicados como o segundo volume das Ideias.
Husserl também tinha muita relutância em publicar os próprios escritos, que estavam sempre sendo revistos e complementados. Edith Stein o considera um “gênio desorganizado”.
1917

Morre Adolf Reinach e Edith Stein é encarregada pela viúva de preparar a publicação de seus escritos. Ela tem seu primeiro encontro com a cruz e com a força divina daqueles que a carregam.
1918

Em fevereiro deixa de ser assistente de Husserl. Volta à sua cidade natal e vive interiormente a experiência do encontro com Cristo. Lê Santo Agostinho, Ignácio de Loyola e outros grandes teólogos alemães.
Retoma e aprofunda a análise fenomenológica do interior da pessoa humana em um longo ensaio: Causalidade psíquica. Nele já aparece um aprofundamento da compreensão steiniana de realidade psíquica e espiritual do ser humano. Edith passa a analisar a especificidade da causalidade dos atos livres, tanto do indivíduo enquanto tal como em suas relações intersubjetivas, redigindo: Indivíduo e comunidade. Os dois textos Causalidade psíquica e Indivíduo e comunidade, foram escritos entre 1918-1920 como tese de livre-docência. Não foram aceitos por terem sido escritos por uma mulher, pois naquele tempo elas eram impedidas, por lei, de ocupar cargos universitários. No entanto, foram publicados conjuntamente em 1922 no JahrbuchfürPhilosophieundphänomenologischeForschun,os Arquivos de Husserl, sob o título Contribuições à fundamentação filosófica da psicologia e das ciências do espírito.
1919

Em fevereiro, se abre a Assembleia de Weimar. Em 28 de junho a Alemanha assina o tratado de paz em Versailles.
Edith Stein se dedica à atividade política em vista a instauração da República de Weimar.Entra para o partido democrata, e segue atuando na causa sufragista, visando conscientizar as mulheres sobre a importância do uso do direito de voto, que tinha sido reconhecido em 1918. Percebe que não tem dom para a política e tenta, mais uma vez, ascender a uma cátedra universitária em Gotinga, Friburgo e Kiel. Edith não é bem-sucedida, pois a mentalidade reinante nas universidades ainda não aceita a presença de mulheres em uma cátedra, apesar das novas leis da República já o permitirem.
Segue contribuindo com o seu país e a sociedade, elaborando uma série de trabalhos científicos que mostram sua reflexão sobre a política de seu tempo: Uma investigação sobre o Estado.
1920-1921

Edith Stein passa por uma profunda crise interior e busca da verdade.
Dá aulas práticas de introdução à filosofia fenomenológica a mais de trinta pessoas em sua casa. As anotações dessas lições serão publicadas postumamente sob o título: Introdução à Filosofia. Inicia, também, um curso sobre questões fundamentais de ética na escola de adultos na Breslávia.
1921

No mês de junho, enquanto estava de férias na casa de sua amiga Hedwig Conrad-Martius em Bergzabern, lê a autobiografia de Santa Teresa de Jesus: “No verão caiu em minhas mãos a ‘Vida’ de nossa Santa Madre Teresa e pus fim à minha longa busca da verdadeira fé” (STEIN, 2018, p. 543).

de Santa Teresa de Jesus
Naquele momento Edith Stein decide tornar-se cristã católica e pede o batismo. Comunica sua decisão à sua família, que não a compreende e nem aceita.