Mulher intelectual católica (1922-1933)
1922
Em 1º de janeiro Edith é batizada na Igreja de São Martinho em Bergzabern com o nome Edith Teresa Hedwig Stein.
Sua madrinha foi sua amiga protestante, a filósofa Hedwig Conrad-Martius, por uma autorização especial do Bispo.
Em 2 de fevereiro é crismada na capela do bispado de Espira.
1923
A partir de abril começa a sua atividade como professora de literatura e alemão no colégio das Dominicanas de Santa Madalena, em Espira.
Foi o Padre canonista Joseph Schwind, vigário geral de Espira e seu primeiro diretor espiritual, quem conseguiu esse emprego de professora para Edith Stein.
1925
Conhece o padre jesuíta Erich Przywara, responsável pela tradução da obra do Cardeal Newman, que a exorta a não abandonar os estudos de filosofia e a ocupar-se de um estudo sistemático da obra de São Tomás de Aquino.
Ela traduz para o alemão, a pedido do Padre Przywara, as cartas e A ideia da universidade de John Henry Newman, filósofo anglicano convertido ao catolicismo.
1926
Em 11 de setembro, faz uma conferência em Espira e no dia 12 conferência em Kaiserlauten.
Edith começa a ser conhecida como formadora cristã e é chamada a dar conferências em vários países de língua alemã. Essas suas vivências a conduziram a aprofundar o tema do ser humano como “sujeito de formação”
1928
Na Semana Santa vai para a Abadia beneditina de Beuron, onde trabalha na tradução do Quaestiones disputate de Veritate de Santo Tomás de Aquino, do latim para o alemão.
A partir dessa data até 1933 passará sempre a Semana Santa e a Semana de Páscoa em longos tempos de oração e de silêncio, especialmente durante as orações das horas.
Edith descreve a Abadia como uma “antessala do céu”.
O Arquiabade polonês Raphael Walzer se tornará o seu diretor espiritual e a acompanhará até a sua entrada no Carmelo.
Edith Stein o chama de “meu abade” e sempre recorre a ele em todas as decisões importantes que pensa em tomar.
1929
Edith Stein publica um artigo no livro organizado por Heidegger, para a comemoração dos 70 anos de Husserl, intitulado: A fenomenologia de Husserl e a filosofia de Santo Tomás de Aquino – Ensaio de confrontação.
1930
Faz conferências em Nuremberga, Salzburgo, Espira, Bendorf, Heidelberg, Ludwigshafen e até em Viena. Trata geralmente o tema da mulher e sua vocação específica, compreendida em contraposição com a vocação específica masculina. O intuito é que eles alcancem uma relação de amor, respeito mútuo e reciprocidade.
1931
Em março de 1931, deixa de lecionar em nas Dominicanas de Santa Madalena em Espira, para ter mais tempo para suas pesquisas e tentar, mais uma vez, ascender a uma cátedra de filosofia na universidade de Friburgo, onde ensinavam Husserl, Heidegger e Honecker.
Edith Stein retorna à casa, na Breslávia, e se põe a redigir Potência e Ato, para apresentar à banca examinadora da Universidade de Friburgo. Nessa obra ela pretende confrontar a escolástica com a filosofia moderna, em vistas a elaborar uma filosofia do ser.
Infelizmente, é recusada em Friburgo, provavelmente por ser mulher e de origem judia, mas alegaram dificuldades financeiras da universidade no período pós-guerra.
1932
Conferências em Zurique, Suíça. Participa em Augsburg de um congresso de jovens.
Edith Stein, já conhecida internacionalmente, participa do I Congresso Internacional Tomista de Juvisy, perto de Paris, sobre “A possibilidade de uma filosofia cristã”.
Também participaram Etienne Gilson, Maurice Blondel, Jacques e Raissa Maritain, entre outros. As intervenções de Edith Stein, todas feitas na língua francesa, causaram uma forte impressão em todos os presentes.
No verão inicia sua atividade como professora de antropologia e pedagogia no Instituto Alemão de Pedagogia Científica em Münster.
1933
Abril
Ano jubilar – 1900 anos da paixão e morte de Jesus.
Durante o semestre de inverno 1932-1933, Edith Stein apresenta sua concepção da natureza humana, em um curso de antropologia filosófica. Tais lições, redigidas para a preparação das aulas, foram publicadas postumamente sob o título de A estrutura da pessoa humana. Esse curso teria sua continuidade nas lições de antropologia teológica, que não chegaram a ser ministradas. Mas foram publicadas postumamente sob o título: Quem é o ser humano?
Em 1º de abril Edith compreende que será barrada de sua atividade docente pelos nazistas por causa de sua origem judaica, e decide pedir afastamento de suas funções para preservar o Instituto. Posterga essa sua decisão para depois do tempo de retiro em Beuron, durante a Semana Santa e a Páscoa,onde aproveitará para pedir conselhos ao seu diretor espiritual.
Na quinta-feira Santa, tendo parado em Colônia para pernoitar em seu destino até Beuron, assiste a Hora Santa na Igreja do Carmelo. Edith conta que nessa celebração Jesus a faz “povo” e a convida para carregar com ele a cruz.
Consegue falar com Dom Raphael e lhe conta que gostaria de pedir uma audiência ao Papa para lhe contar sobre a situação dos judeus e pedir que ele fizesse uma encíclica sobre esse tema. Foi desaconselhada pelo Abade, pois a agenda do Papa estava totalmente tomada com as celebrações do Ano jubilar. Dom Raphael lhe pede para escrever uma carta para ele entregar pessoalmente ao Papa Pio XI, pois tinha sido chamado para uma audiência privada.
Em 30 de abril, domingo do Bom Pastor, o Salvador a faz compreender que seu caminho agora está no Carmelo.
Julho
Em 15 de julho, deixa Münster e vai à Colônia para iniciar uma experiência prévia a sua entrada no Carmelo. Aproveita para começar a redação de seus escritos autobiográficos – Vida de uma família judia – para mostrar ao povo alemão que os judeus eram cidadãos como os outros e estavam bem integrados na sociedade alemã.
Agosto
De 15 de agosto a 13 de outubro, regressa a Breslávia para despedir-se de sua família e comunicar-lhes seu ingresso no Carmelo. Sua mãe e família não aceitam, mas Edith Stein estava serena e convencida de sua decisão, tão profundamente pensada.