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Edith Stein: exemplo para os jovens de hoje

A 59ª edição da Settimana di Spiritualità do Teresianum foi realizada entre os dias 18 e 22 de fevereiro de 2018. O tema escolhido este ano foi: «Giovani fede vocazione. Proposte per una spiritualità del futuro».

Na terça-feira, dia 20, às 17h Angela Ales Bello falou sobre o tema «Edith Stein: quale esempio per le giovani e i giovani di oggi?».

Divulgação: 59ª Sett. di Spiritualità: «Giovani fede vocazione»
https://carmelovalmadonna.wordpress.com/2018/03/07/59a-sett-di-spiritualita-giovani-fede-vocazione/


Edith Stein: qual exemplo para os jovens e os jovens de hoje?

Angela Ales Bello

Tradução de
Maria Cecilia Isatto Parise

O tema da formação humana é fundamental nas análises filosóficas e no seu compromisso prático para Edith Stein. Ela tem o grande mérito de buscar o que é verdadeiro para poder agir de maneira consequente e coerente. Sua investigação intelectual é sempre voltada para a prática. Essa premissa nos permite responder à pergunta sobre a validade de sua mensagem em nossos dias, agora quase um século a partir de sua proposta filosófica e pedagógica. Pode-se dizer que os tempos mudaram, que os problemas são diferentes. Certamente muitas mudanças ocorreram nos costumes, também ligadas à uma maior difusão e uso de tecnologias e ao desprezo de regras que eram consideradas fundamentais para a convivência humana.

Ao afirmar isso, refiro-me sobretudo à cultura ocidental atravessada também por uma onda de secularização, ou melhor, de dessacralização. Por que eu atribuo ao desvanecimento das atenções no confronto com a dimensão do sagrado uma das causas da crise moral que está presente no mundo ocidental contemporâneo, particularmente na Europa? Acredito que o comportamento moral precisa de apoio que somente uma visão religiosa da vida possa oferecer. Mas gostaria de mostrar tudo isso examinando brevemente a mensagem de Edith Stein.

Para os jovens e aos jovens de hoje, Stein diria as mesmas coisas que ela disse aos jovens de ontem, porém ela não se dirigiu diretamente a eles, mas a educadores, pais, professores e também aos agentes de pastorais; de fato, os jovens e os jovens de hoje são o último elo da cadeia e muitas vezes são as vítimas, não os responsáveis ​​por certos comportamentos. Assim, diria que as suas reflexões, as suas investigações são dirigidas a todos, mas dizem respeito às estruturas de apoio da sociedade em que vivemos.

Podemos pensar em pôr-se à escuta de sua palavra e, como adultos, fazer o trabalho de mediação necessário para as novas gerações. Conhecendo, por um lado, as suas propostas e, por outro lado, tentando entender quem são os possíveis beneficiados da sua mensagem, percebemos que temos que fazer um duplo trabalho, filosófico-pedagógico, de um lado, e sociológico, de outro. Deste segundo ponto de vista, a situação é muito confusa, pois quase sempre quando se vivencia diretamente as experiências essas exigem, na medida do possível, uma decantação, uma distância temporal para serem realmente esclarecidas; no entanto, não podemos adiar, o tempo urge, vivemos no agora e agora temos que agir. Então, podemos apenas distinguir grosseira e sumariamente aqueles que sentem e vivem a dimensão religiosa daqueles que acreditam que podem viver sem ela ou negá-la explicitamente. Não se trata de separar os bons dos maus, não cabe a nós fazermos isso, não somos seus juízes, mas eventualmente seus acompanhantes.

Pode-se utilizar a mensagem da Stein? Com base em minha experiência como professora, posso dizer que quem é próximo da experiência religiosa está mais disposto a ouvir e, na maior parte, a deixar-se guiar pelo ensinamento que brota das propostas de Stein; na verdade, muitas vezes permanece fascinado, mas não se deve esquecer quem está distante; por que não tentar tornar tudo acessível, mesmo para aqueles que parecem “longe”? O que Stein propõe que pode ser ouvido por todos? Ela procura aqueles a quem, na esteira de Tomás de Aquino, ela chamava i praeambula fidei, para poder fazer um trecho da estrada junto com eles; quem quer e entende poderá prosseguir na via que conduz à vida eterna.

O começo é filosófico, visto que é uma investigação que desconsidera o recurso ao divino. Por outro lado, quando ela inicia o seu percurso de pesquisa sob a orientação do filósofo Edmund Husserl, estava afastada da experiência religiosa judaica em que fora educada por sua mãe e passava por uma fase de indiferença em relação ao divino. Será precisamente o contato com o ambiente acadêmico de Gotinga, e depois de Friburgo, que lhe mostrará a validade da dimensão religiosa a qual ela se aproximará definitivamente no Ano Novo de 1922.

Sobre o humano e sobre a relação entre os seres humanos

Qual é o primeiro tema filosófico que a interessa? A relação entre os seres humanos, o estudo da possibilidade de conhecimento recíproco que Husserl identificou em uma de nossas experiências vividas, que consiste em captar imediatamente intuitivamente o que o outro está vivendo e que eu também posso viver: a alegria, a tristeza, a dor, o prazer, a recordação, a imaginação, o pensamento, a avaliação, a decisão. Isso não significa que nos identificamos com o outro, mas que temos algo em comum: a possibilidade de viver experiências que tenham o mesmo significado e as mesmas características em si e que se articulam de modo original e pessoal em cada ser humano. Cabe a nós, então, tomar uma posição sobre a base deste reconhecimento, aceitar ou rejeitar o outro, ter simpatia, antipatia ou indiferença, amar o outro ou odiá-lo, julgá-lo ou não julgá-lo, ajudá-lo ou não ajudá-lo. A este ponto, ela percebe que é urgente, no entanto, compreender quem é o ser humano que eu sou e quem são os outros, que eu descobri como semelhantes a mim, graças àquela possibilidade que Husserl já tinha chamado de “sentir o que o outro está vivendo em si”: Einfühlung, termo que não tem equivalente em italiano e foi traduzido como empatia ou entropatia.

Edith Stein não se detém na análise dessa experiência “vivida”, que pode ser definida com um neologismo extraído da “vivenza” espanhola e “vivência” portuguesa, mas amplia sua análise para todo o ser humano, perguntando se a própria estrutura experiencial descrita nos ajuda a entender como o ser humano é feito. Seguindo as investigações de seu Mestre, Husserl, ela descobre o ser humano como um indivíduo psicofísico; de fato, por um lado a corporeidade está envolvida como meio necessário do próprio conhecimento, por outro lado, a corporeidade é animada, vivente [Leib], sede dos afetos, dos instintos, mas também de pensamentos, de raciocínios, de decisões e de volições. Esses atos são qualitativamente semelhantes, podem ser colocados sem distinção sob um mesmo plano ou referem-se a gradações diversas, implicando também valores diversos? Em outras palavras, qual é a gênese da interpretação tradicional segundo a qual “alma” e “corpo” são rastreáveis? E, por conseguinte, em que sentido o ser humano não é totalmente redutível à corporeidade, embora essa seja a dimensão indispensável da vida tal como é dada, isto é, como a percebemos?

É no terreno das vivências, ou seja, dos atos dos quais estamos cientes, que se individuam, como já foi referido, fundamentalmente as afinidades, se constituem os agrupamentos que se remetem às configurações, consolidadas por uma longa tradição e presentes, mesmo se em diferentes formas, em todas as culturas, indicadas, de fato, com os termos “corpo” e “alma”. A dor ou a alegria que o outro vive deve ser colhido, em primeiro lugar, através de uma percepção ligada aos órgãos da sensibilidade, mas aquilo que é visível em seu rosto refere-se a uma profundidade de vida que é impossível assimilar a qualquer objeto físico, visto e tocado. A dimensão que é assim descoberta é o lugar dos afetos, das pulsões, das emoções; é o que indicamos com o termo psique.

Através da análise desse tipo de vivência, portanto, destaca-se a existência de uma esfera psíquica caracterizada por uma “força vital”, por uma energia psíquica que desempenha um papel fundamental para a própria sobrevivência e capacidade de agir do ser humano. Essa está estruturada de acordo com um tipo de causalidade, enquanto sede de laços que, até certo ponto, podem ser considerados como vinculados a relações de causa e efeito; mas é realmente tal que se mostre como a única fonte de direção do próprio ser humano? O frescor ou a fadiga da psique, por exemplo, estão sempre e exclusivamente na base de nossas ações e, portanto, de nossas decisões, ou as escolhas nos remetem a “motivações” que revelam uma fonte diferente de decisão? Aqui está a esfera do espírito [Geist].

A empatia já havia sido identificada como um instrumento de compreensão do que se move na vida do outro, e não apenas no que diz respeito aos seus sentimentos ou às suas emoções, mas também em relação ao seu mundo interior de decisões, de volições, ao seu mundo da criatividade. Se existem as ciências do “espírito”, elas dizem respeito, precisamente, ao que está conectado com essa esfera que é aquela da produção cultural, artística, política e assim por diante. De um ponto de vista filosófico, a presença no ser humano da dimensão do espírito permite afirmar que já está superada a realidade psicofísica que nos aproxima do mundo animal graças a um elemento que define o ser humano “pessoa”.

Até agora, talvez seja possível trilhar um caminho junto àqueles que não se colocam questões religiosas, talvez seja possível aceitar que o “espírito” é aquilo que é especificamente humano como capacidade do intelecto e da vontade. Em todo caso, tudo isso também é importante para aqueles que estão abertos ao divino, porque sempre podemos compreender melhor como somos feitos e como podemos aceitar essa abertura. No entanto, há mais um passo dado por Edith Stein, que pode nos impelir a prosseguir. Ela percebe que o discurso sobre o humano foi feito do ponto de vista da universalidade, mas, se queremos permanecer ancorados no âmbito experiencial, que é aquele sobre o qual cotidianamente vivemos, é necessário observar que encontramos homens e mulheres e que se apresentam em sua singularidade; na verdade, nunca encontramos a mulher ou o homem em sua generalidade, mas sempre uma pessoa com suas características peculiares: esse é um fato incontestável de nossa experiência. Entretanto, é a linguagem que nos impele a generalizar e, portanto, a falar da “mulher”, porque, na verdade, buscamos com nosso intelecto precisamente os elementos característicos presentes em cada mulher ou homem.

Devemos reconhecer que possuímos a capacidade de ir da singularidade à universalidade e vice-versa. Essa possibilidade, que nos é dada, apresenta grandes vantagens e grandes riscos; de fato, se nos detivermos na evidência da universalidade, a singularidade nos escapa e o plano experiencial, que nos dá contato direto com o objeto, é negligenciado, senão oculto; se, no entanto, pararmos na singularidade, perdemos de vista os traços comuns, cuja detecção pode ser válida para uma melhor orientação teórica. Na capacidade de manter presente os dois momentos reside o equilíbrio, que pode dar resultados fecundos, porque se valoriza tanto o pensamento quanto a experiência.

A singularidade se sente, se apreende através da consciência de si e do outro semelhante a si mesmo, o reconhecimento da semelhança, aquilo que é definido como empatia, ou melhor, entropatia. Certamente esse reconhecimento pode ser a via para uma compreensão mais profunda do outro, no entanto, não deve ser confundido com ser o mesmo, o que nunca é possível, ou com simpatia; esta última atitude se manifesta em outras modalidades de viver que são constituídas pela atenção, benevolência, amor: todos são momentos que podem ser vivenciados em conjunto com o ato empático, mas que o pressupõem, porque o reconhecimento originário da alteridade é a sua condição de exercício. Como o termo empatia no uso comum é muito equívoco, é melhor usar aquele mais fiel ao que Stein quis dizer com Einfühlung, tentando traduzi-lo para o italiano com um outro neologismo, entropatia.

A dualidade humana

Como o encontro com o outro acontece? Primeiro, através da corporeidade. Este fato nos leva a analisar a corporeidade e sabemos que a cultura ocidental, por meio da abordagem científica, procurou penetrar na própria corporeidade, examinando-a sob várias perspectivas sob o perfil da fisiologia, da anatomia e da genética, colocando, de tal modo, em evidência as características do corpo feminino, que se articulam, pois, de uma maneira particular em cada mulher. Nesse ponto surgem duas questões: a primeira diz respeito ao fato de que a mulher tem uma configuração anatômica particular, mas que também muitas de suas características estão em comum com o outro ser humano que é o homem; na verdade, falamos em geral de um corpo humano que vai além das especificações do feminino e do masculino. Esta é a fina observação de onde parte Edith Stein. Precisamente esta observação nos leva à segunda questão: se não se pode analisar a mulher sem levar em conta que ela é um ser humano, devemos examinar correlativamente também o homem.

Já nesta primeira etapa da investigação se esboça a correlação dos dois momentos: o ser humano em sua universalidade e sua articulação no masculino e no feminino. Então, se se quer conduzir uma investigação antropológica válida, esta deve ser uma antropologia dual.

Colocando-nos na direção indicada, podemos seguir mais outro trecho de estrada, constatando que o ser humano, considerado em sua universalidade, não é apenas um corpo, mas possui uma psique e se caracteriza pela dimensão do espírito. Mesmo o simples encontro com uma outra pessoa e a relação que travamos com ela nos faz ver a presença dos atos indicados, atos que nos damos conta de viver também em nossa interioridade.

Essas dimensões do corpo, da psique e do espírito, embora pareçam univocamente estruturadas no ser humano, assumem conotações específicas no caso em que esse ser humano seja uma mulher ou um homem. Podemos citar um pensamento de Edith Stein, que é o resultado de uma longa pesquisa muito complexa, por isso não é uma afirmação precipitada ou um pressuposto; ela escreveu confrontando a mulher e o homem: “Não só o corpo está estruturado de modo diverso, não são diferentes apenas algumas funções fisiológicas particulares, mas toda a vida do corpo é diversa, o relacionamento da alma com o corpo é diferente, e na própria alma é diferente a relação do espírito com a sensibilidade, assim como a relação das potências espirituais entre eles.”1 A “diferença”, então, está presente e se revela na interioridade do ser humano; portanto, dá uma marca específica ao homem e à mulher. Continuando com as afirmações de Stein, podemos dizer que “A espécie feminina afirma a unidade, a delimitação de toda a personalidade corpóreo-espiritual, o desenvolvimento harmonioso dos poderes; a espécie viril afirma a elevação das energias individuais às suas performances mais intensas”. Unidade, delimitação e desenvolvimento harmonioso querem indicar a capacidade de acolhimento da mulher que possui uma estrutura unitária, cujas partes estão harmoniosamente ligadas: a harmonia é característica da feminilidade.

Ao contrário, no ser humano masculino a unidirecionalidade permite, muitas vezes, a concentração em uma área específica, obtendo resultados válidos devido à falta de dispersão de energia, mas à custa de eliminar outras dimensões da existência; tudo isso pode levar à absolutização da capacidade intelectual ou ao seu exercício em detrimento da vida efetiva ou emocional.

 Captar a contemporânea unidade e dualidade do humano é muito importante para estabelecer relações adequadas entre os seres humanos e evitar discriminações e subjugações, especialmente das mulheres, como sempre aconteceu, até que tenha ocorrido a vinda de Cristo, que mostrou o valor do feminino e do masculino como criaturas. Certamente isso também estava presente no momento da criação por parte de Deus, como está escrito no Antigo Testamento, mas o afastamento por parte dos dois seres humanos de Deus, o querer conhecer deles, no sentido de praticar o mal, os levou a um desequilíbrio entre o masculino e o feminino. Tudo isso é o objeto de uma das primeiras reflexões teológicas e filosóficas contemporâneas no livro da Stein A mulher. Questões e reflexões. A ela devemos um feminismo, entendido como a valorização do feminino, que não exclui a relação com o masculino, examinado sob muitos pontos de vista: histórico, sociológico, psicológico, filosófico e teológico. Este último aspecto está no fundo da questão, porque justifica a origem do conflito entre masculino e feminino e também a possibilidade de restaurar o equilíbrio graças à Redenção operada por Jesus Cristo.

Tudo isso deve ser bem explicado aos jovens – essa era a intenção da Stein – e é particularmente indispensável para nossos jovens, em quem estamos testemunhando uma grande confusão, vivenciada e teorizada, precisamente em relação à identidade de gênero. De fato, se nega a dualidade como parte de uma velha mentalidade patriarcal em nome de uma escolha sexual arbitrária confundida com “liberdade”. Nas pegadas de Edith Stein, refleti sobre esse assunto em um dos meus livros recentes “Tutta colpa di Eva. Antropologia e religione dal femminismo alla gender theory2, na qual repercorro à história do feminismo e analiso alguns de seus êxitos recentes que levam, de fato, à última teorização da queer theory. Edith Stein nos ajuda a: 1) compreender a diferença de gêneros; 2) compreender as eventuais diferenças em relação à dualidade, que permanece um ponto de referência fundamental, mas que não exclui eventuais desvios; 3) nos incita a manter sempre uma grande vigilância sobre nossa identidade pessoal, também em referência à esfera sexual. Nessa última direção, as recentes teorizações queer sobre a falta de identidade que afirmam ser as mais válidas, na verdade destroem o ser humano que sempre busca sua estabilidade e uma orientação em sua vida.

Educação e formação

Como se pode constatar, é muito importante que isso seja comunicado às novas gerações, apoiado nessa obra pelo exemplo de nossa pensadora, cujos escritos sobre a formação humana foram recentemente publicados na tradução italiana: Formazione e sviluppo dell’individualità3. Se o ser humano se apresenta complexo e pode ser definido como um microcosmo, durante a sua vida terrena nenhuma dimensão pode ser excluída, especialmente aquela político-social. Essa pressupõe, para a sua compreensão, uma análise aprofundada das agregações humanas que a Stein conduziu em seus primeiros escritos, sobretudo na segunda parte de Psicologia e ciências do espírito4 e em Uma investigação sobre o Estado5.

Nessas obras ela demonstra a centralidade da comunidade, como local de associação em que todos, embora permanecendo livres, estabelecem laços profundos e pessoais uns com os outros, estando envolvidos em todos os seus aspectos, sobretudo os espirituais e éticos; a comunidade deveria ser a base de todas as outras formas associativas, como a sociedade e o estado. A educação, portanto, deveria voltar-se para o desenvolvimento do indivíduo em conexão com o momento comunitário; deveria contribuir para a construção da comunidade, ensinando-o a viver dentro dela. Na realidade, não existe um único tipo de comunidade; de fato, cada um pertence a diferentes comunidades: primeiro, a família, e depois a comunidade de amizade, a comunidade religiosa, a comunidade social e a comunidade estatal. Assim, compreendemos a insistência da Stein sobre a importância da dimensão social, à qual ela dedica alguns dos ensaios aqui contidos.

A escola, tão importante para as crianças e os jovens, é uma comunidade escolar, e nessa comunidade a formação deve tender à inserção de cada um nas outras comunidades: a família, os municípios, os povoados ou as cidades em que vivem, o povo, o Estado e a Igreja. Como se observa, a análise da filósofa vai do círculo menor, que é aquele do indivíduo como um microcosmo, a uma série de círculos concêntricos que se expandem até alcançar os mais abrangentes, do Estado e da Igreja; mas sabemos que o último círculo que alcança a todos é o da comunidade constituída por toda a humanidade, como ela nos diz em sua obra A estrutura da pessoa humana6.

Juntamente com o treinamento do intelecto e da vontade, a Stein indica quais são os critérios válidos para uma inserção na dimensão social. O indivíduo e a comunidade são polos necessários e conectados; de fato, a comunidade não é um simples agregado, mas um organismo. A definição de organismo é muito importante, porque assim como os órgãos têm o seu papel e características próprias, não podem viver isolados e contribuem, cada um com a sua natureza específica, para a vida do próprio organismo, assim também a sociedade que se fundamenta sobre uma comunidade necessita da contribuição de todos, cada um com sua personalidade particular.

Tudo isso corresponde à essência do ser humano e da comunidade, mas também constitui um ideal, porque Edith Stein não se ilude que isso possa ser facilmente realizado; ela escreve: “Todos nós sabemos o quão pouco a realidade corresponde a esse belo quadro”7.

Mas por que elaboramos esse “belo quadro” que não é fruto da fantasia, mas se inspira diretamente nas características fundamentais do humano? Em primeiro lugar, porque é possível delineá-lo teoricamente, em segundo lugar, também por “tê-lo experimentado” de maneira indireta: de fato, a espécie humana viveu tudo isso. Quando? Naquela condição que definimos de vida no paraíso, e acrescentamos “terrestre”, que está ligada a uma experiência realmente vivida com a corporeidade. Edith Stein está convencida disso: “Na comunhão original com Deus, o homem estava plenamente seguro. Não era ele quem se conhecia, mas ele era conhecido e se percebia conhecido. Ele não pensava nem por si mesmo nem sobre si, mas havia quem cuidasse dele. Em Deus e não em si mesmo repousava o seu olhar”8. No entanto, o ser humano era imperfeito e isso permitiu que ele se afastasse de Deus: o afastamento de Deus implica também a desintegração da vida comunitária.

Agudo e atual é o diagnóstico da desintegração da família, que caracteriza principalmente a época contemporânea. Poder-se-ia dizer, sem idealizar o passado, que o processo de dessacralização tem contribuído fortemente para minar ainda mais os fundamentos da comunidade familiar; a Stein já havia denunciado alguns aspectos negativos da vida social: por exemplo, o casamento como um acordo econômico ou ainda como um instrumento de satisfação ligado aos próprios caprichos, um vínculo que pode ser interrompido quando não mais satisfaz; e também deplora a atitude generalizada em relação aos filhos: esses podem parecer uma infeliz coincidência ou o seu nascimento depende de um cálculo econômico.

Igualmente válida é a crítica feita pela Autora sobre a organização estatal do povo: oportunismo, egoísmo, utilitarismo. Conectada à estrutura sócio-política também está a escola, tanto mais necessária quanto mais a família está desagregada e corre o risco de colapso: trata-se, por um lado, do uso distorcido do ensino considerado como uma mera “fonte de renda”, por outro, “de aspirá-lo e praticá-lo sem perguntar se se é interiormente talhado e se é chamado a exercê-lo, e sem uma vontade real de serviço”9; acrescenta-se a isto: “o perigo de uma educação escolar equivocada devido à influência de teorias pedagógicas erradas”10. Tudo, na realidade, depende da formação do professor; e aqui se esboça a figura de alguém que tem uma tarefa muito delicada e que deve conhecê-la. As conferências ministradas por Stein e recolhidas neste livro têm o propósito de “formar” os professores e pais, de colocá-los frente às suas responsabilidades, de prepará-los do ponto de vista psíquico, intelectual, religioso, de estimular a sua vontade de modo que a sua tarefa seja realizada como um serviço, como uma doação de si próprio para a realização do ideal na realidade humana.

Stein acredita que tudo isso pode ser alcançado se a escola realiza uma obra de formação social que torna o homem competente para a vida em qualquer comunidade e, portanto, para a comunidade de amor que o aproxima de Deus.

No entanto, ela está bem ciente de que a educação religiosa, fonte e realização de uma vida equilibrada, não está disponível para todos.

Educar e formar são e não são a mesma coisa; na verdade ensinar, educar e formar são termos correlatos, mas indicam diferentes perspectivas de intervenção humana. Como já visto, o ensino é voltado para a aprendizagem de conhecimentos, de noções necessárias para uma orientação sobre o mundo; educar significa fazer aflorar as potencialidades de cada um em correlação com as próprias atitudes, as próprias características, desenvolver as potencialidades para que a vida seja ativa e produtiva; finalmente, formar significa indicar qual é o propósito da vida humana, uma finalidade ultraterrena que, no entanto, se prepara nesta vida. Não se trata de uma fuga em vista de uma vida ascética separada dos outros, mas um compromisso que leva em conta a “solidariedade” humana – um termo muito caro para a nossa pensadora que está entre os primeiros filósofos e educadores a usá-lo. Aqui está a importância do compromisso social e político na comunidade, estando bem ciente, entretanto, que o objetivo não é imanente, mas transcendente; mas o objetivo transcendente não se realiza sem o operar na imanência.

A Stein descreve a situação política e social de seu tempo que parece tão distante para nós, a da Alemanha entre os anos 1920 e 1930; na realidade, paradoxalmente, nada mudou. Na verdade, nos nossos dias tudo está ainda mais complicado no que diz respeito aos critérios de orientação na educação e na formação; de fato, os problemas revelados pela Stein tornaram-se mais agudos e, como já observamos, a a-religiosidade tende a ser dominante.

O humano e o divino

Se a formação baseada na educação religiosa é fundamental, é necessário perguntar-se o que é a fé religiosa. A Stein examina a palavra fé em seus múltiplos significados e observa que ela pode ser usada de várias maneiras11, e por isso procede à análise desse ato específico que é a fides. A fides difere da convicção e de suas variações, porque não possui como correlato o estado de coisas, mas um objeto primário. A fides, enquanto ato, não está fundada em outra coisa, é antes um ato simples; consiste em compreender algo e considerá-lo real, mas não em um sentido puramente especulativo, na verdade “o que eu compreendo penetra em mim, enquanto o compreendo, me aferro ao meu centro pessoal e eu me mantenho próximo a esse”12. Trata-se de um ato unitário e indivisível, que também, por meio da análise, revela uma complexidade de momentos indistinguíveis em um sentido temporal e não separáveis: estar aferrado, o agarrar-se e o compreender. “Quanto mais profundamente me aferro, tanto mais me agarro, e mais compreendo”13; conhecimento, amor, ação estão unidos em um único ato. Quanto ao aspecto cognoscitivo, Edith Stein constata que não se trata de um conhecimento que poderia ser como o da percepção, porque o objeto não é visto; é por isso que alguém pode confundir a fides com a cega doxa. Mas aqui o invisível, embora não sendo acessível a qualquer um dos sentidos, está imediatamente presente para nós, nos toca, nos sustenta e torna possível aferrar-se a ele.

O objeto da fides é Deus, a fides é a fé em Deus. A fé, que caracteriza os atos previamente examinados, não é definitiva nem imutável, não é absoluta. “A fé em Deus possui esse caráter absoluto. Podemos perdê-la, mas ele não pode transformar-se”14. Neste ponto a Stein examina, mesmo sem nomeá-lo expressamente, o ateísmo. Ela afirma que a dúvida sobre Deus não é uma modificação da fides; de fato, pode apenas ser uma modificação da convicção de que Deus exista, ou porque a fé não está presente ou porque, estando presente, não se consegue validar essa presença por meio da convicção de sua presença a nível intelectual. Mas a fé pode ser o fundamento dos estados que dizem respeito à convicção intelectual.

Edith Stein distingue, então, o ato religioso fundamental como um sentir em que conhecimento, amor e ação estão unidos; conhecimento – é bom repetir – neste caso é um compreender que somos tocados pela mão de Deus, e Deus se mostra forte e potente, de fato onipotente. Amparar-se na mão de Deus é o ato humano que coopera para constituir o ato de fé. Novamente as modalidades do ateísmo são examinadas: “Naqueles que não fazem isso, naqueles que não o escutam bater e continuam a viver a sua vida terrena sem ser afetado por ele, o ato de fé não se realiza e o seu objeto lhe permanece oculto”15. Há, no entanto, também quem escuta bater, mas se recusa a abrir; em vez disso se revolta teimosamente contra ele como um obstáculo que se quer remover.

A fé, examinada dessa maneira, como um ato unitário e complexo, leva ao conhecimento natural de Deus, segundo a Stein, mesmo se o termo “natural” em sua opinião possa parecer não inteiramente adequado, porque já estamos diante de um conhecimento que nasce de um primeiro contato com a transcendência. Poder-se-ia dizer que o conhecimento natural de Deus é a explicação objetiva do que está simplesmente presente como objeto de fé: “O ato de fé tem a ver com um Deus invisível. Mas não é necessário que Deus permaneça invisível. Ele pode decidir se manifestar ao crente e falar claramente com ele; ao crente, porque a fé é a chave para a revelação e o incrédulo não pode acessá-la. Podemos acreditar sem receber revelação”16.

Pode-se notar que Stein desloca a sua atenção do reconhecimento de Deus através do que é externo à interioridade do sentir, no qual consiste, por outro lado, na fé como a adesão do ser humano. Esse é o aspecto fenomenológico da investigação de Edith Stein, a análise da interioridade na qual se manifesta o divino e a adesão a ele. Tudo isso acontece no “centro” da pessoa: trata-se daquele que posteriormente, em particular em Potência e Ato, a Stein indica como “núcleo da pessoa”, que ela define: “O núcleo da pessoa é o ser (o ente) que ela é em si mesma e através da qual ela é similitudo do ser divino; ele é o que está no fundamento positivo da analogia entis17. O núcleo, como ente atual, não é uma mera possibilidade, antes, é potencial apenas em referência à capacidade de crescimento na forma de ser da vida espiritual consciente. É entelechia da pessoa que contém dentro de si o telos da própria pessoa”18.

Representando o ponto onde se dá o encontro entre divino e humano, o núcleo é o local da manifestação do divino e da fides, de onde provém o conhecimento natural de Deus, nasce a partir deste contato com o divino, que é “escutado” naquele ato que une em si conhecimento, entendido como compreensão, amor e ação. Tal ato pode ser aceito ou não.

O conhecimento de Deus

Quanto à questão da demonstração, a atitude da Stein é peculiar. Ela repete muitas vezes que as “provas”, as “demonstrações” não permitem encontrar fé; eles validam a fé, mas não levam à fé. O crente, isto é, aquele que já tem fé, entendida como conhecimento natural de Deus, deixa-se conduzir pelas provas, o não crente permanece nas fronteiras”19.

Isso não significa que a fé é um fato irracional, pelo contrário, ela acredita que a fides, que vai até a aceitação da Revelação, pode, de fato deve ser uma ajuda à razão natural no conhecimento da verdade; nesse sentido a razão, iluminada pela fé, é potencializada. Por outro lado, se a filosofia quer alcançar a verdade, deve reconhecer as diferentes fontes de verdade e, entre elas, há a Revelação, que precisa da fides como conhecimento natural para ser acolhida.

Esta circularidade é mantida por ela quando em Ser finito e Ser eterno reflete sobre o significado de “Ser Eterno”20. Partindo de dois textos da Escritura, Edith Stein observa que eles nos levam mais longe do que uma busca intelectual pode alcançar. Trata-se do começo do Evangelho de João “No princípio era o Logos”, e da passagem da carta de São Paulo aos Colossenses 1, 17, em que se diz que: “Ele é antes de todas as coisas e todas as coisas têm nele a sua consistência e conexão”. E acrescenta que talvez o significado filosófico do Logos, ao qual somos reenviados, possa nos ajudar a compreender o significado teológico e, por sua vez, a verdade revelada possa resolver dificuldades filosóficas. Prossegue, portanto, para uma clarificação filosófica dos dois textos.

Na sua opinião, ambos os textos se referem à visão trinitária de Deus. Em especial, no princípio era o Logos tem este significado: no primeiro Ente estava incluído o Logos (o sentido ou a essência divina), isto é, no Pai estava o Filho, portanto, “geração” neste caso significa que o Filho não é externo à atualidade originária do pai. Ao distinguir, no entanto, o ser essencial do ser atual-real se corre o risco de separar os dois aspectos e isso não é legítimo. A autora enfatiza fortemente aqui a validade da posição São Tomás, que insiste na inseparabilidade entre a essência e o ser atual-real no primeiro Ente, o que distingue o Ser de qualquer outro ente finito em que seja possível fazer tal distinção.

Ela, prosseguindo na investigação, observa que, dado que o primeiro Ente, isto é, Deus, possui o ser por essência, é impossível até mesmo pensá-lo sem o ser; mas devemos nos perguntar qual é a consistência de tal “pensar”. De fato, se pudéssemos realmente pensar de modo preenchido – e aqui a Stein adota a linguagem fenomenológica, ou seja, entendendo o preenchimento total de uma intenção vazia – seríamos confrontados à compreensão profunda do que Anselmo propôs como uma “prova” da existência de Deus – a identidade entre o seu ser e a sua essência.

Ela reflete, porém, ulteriormente sobre tal questão, argumentando que, se conseguíssemos captar “verdadeiramente” a coincidência entre ser e essência, não estaríamos frente a uma “prova” e, portanto, do ponto de vista lógico, a uma “conclusão” ou dedução, mas teríamos dado uma forma ao “pensamento originário”, em relação a essa coincidência, o teríamos “moldado”; na verdade, não podemos pensar essa coincidência até o fim, dada a nossa finitude. São Tomás afirma, de fato, que a proposição “Deus existe” é evidente em si mesma, mas não para nós e, precisamente porque não conseguimos entender verdadeiramente essa evidência, precisamos de uma demonstração de seus efeitos. Mesmo assim, porém, não chegamos à compreensão e aqui, em última análise, segundo Edith Stein, Agostinho está certo quando afirma: “Si comprehenderis non est Deus”.

A profunda razão para o fracasso de todas as provas ou as vias de alcançar um preenchimento sem restrições está na tensão insolúvel do espírito humano entre finito e infinito. Portanto, não é possível tomar por meio da via do conhecimento natural a coincidência entre essência e existência. Para aqueles que têm fé, parece impossível que não haja essa coincidência, mas quando se procura entendê-la intelectualmente, se está destinado ao fracasso. Se é forçado apenas a aproximar-se de Deus por meio de imagens finitas, às vezes pelo lado da essência e às vezes pelo lado do ser. Podemos dizer que Deus existe, mas não podemos dizer em que coisa consiste.

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O caminho que Edith Stein percorreu até chegar a Deus, aqui brevemente descrito, deveria ser comunicado aos jovens: para aqueles que são crentes, para que possam entender melhor a sua fé como um ato, nem irracional, nem puramente devocional, mas que envolve a pessoa inteira e também apela à sua razão; também para aqueles que se desviam da religião, porque conhecer o significado do ateísmo pode ser útil para os que se definem como ateus, para que eles se tornem conscientes de suas atitudes, muitas vezes ligadas apenas a um movimento psíquico de rejeição de algo que não conhecem bem. Por outro lado, a própria vivência existencial de Edith Stein pode ser um estímulo para a reflexão; de fato, em sua juventude, ela se afastou da experiência religiosa, embora eu não acredite que se possa definir a sua posição como um ateísmo teórico. Pelo contrário, tratava-se um indiferentismo, uma atitude muito difundida na cultura ocidental. Colocar em evidência as razões de sua recuperação da experiência religiosa é importante, pois foi justamente o exemplo de algumas pessoas próximas a ela que a levaram a repensar o sentido do divino e considerá-lo como um ponto de referência necessário.

Em qualquer caso, tarefa difícil, a dos educadores, certamente, não apenas no que diz respeito à transmissão dos conteúdos, mas já na abordagem dos jovens, muitos dos quais rejeitam qualquer contato que possa questioná-los seriamente. A Stein nos ajuda nessa tarefa, cabe a nós tomarmos coragem pelas suas palavras e de seu exemplo.

Autor

Notas

  1. E. Stein, La donna. Questioni e riflessioni, tr. it. di Ornella Nobile e Anna Maria Pezzella, a cura di Angela Ales Bello e Paolo Paolinelli, Città Nuova- OCD, Roma 2010. Existe uma versão brasileira desse texto: Edith STEIN. A mulher: sua missão segundo a natureza e a graça. Tradução de Alfred J. Keller. Bauru, SP: EDUSC, 1999.
  2. A. Ales Bello, Tutta colpa di Eva. Antropologia e religione dal femminismo alla gender theory, Castelvecchi, Roma 2017.
  3. Formazione e sviluppo dell’individualità, tr. it. di A. M. Pezzella e A. Togni, Pref. di A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 2017.
  4. E Stein, Psicologia e scienze dello spirito – Contributi per una fondazione filosofica tr. it. di A. M. Pezzella, Prefazione A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 1996.
  5. E. Stein, Una ricerca sullo Stato, a cura di A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 1993.
  6. E. Stein, La struttura della persona umana, Corso di antropologia filosofica, di M. D’Ambra, Revisione di A. M. Pezzella e M. Paolinelli, Città Nuova – Edizioni OCD, Roma 2013.
  7. E. Stein, Formazione e sviluppo dell’individualità, tr. it. di A. M. Pezzella, e A. Togni, a cura di A. Ales Bello e M. Paolinelli, Città Nuova-OCD, Roma 2017, p. 39.
  8. Ibid.
  9. Id., p.45
  10. Ibid
  11. E. Stein, La struttura ontica della persona e il problema della sua conoscenza, in Natura Persona Mistica – Per una ricerca cristiana della verità, tr. it. di M. D’Ambra, a cura di A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 1997, p.104.
  12. Id., p. 105.
  13. Ibid
  14. Id., p.106
  15. Id., p.109
  16. Ibid
  17. E. Stein, Potenza e Atto – Studi per una filosofia dell’essere, tr. it. di A. Caputo, prefazione di A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 2003, p.228.
  18. Id., pp. 378-379.
  19. E. Stein, Essere finito e Essere eterno – Per un’elevazione al senso dell’Essere, tr. it. di L. Vigone, presentazione di A. Ales Bello, Città Nuova, Roma 1988, p.150.
  20. E. Stein, Essere finito e Essere eterno, cit., cap. III, § 12.