Palestra da Dra. Teresa Messias, da FCH da Universidade Católica de Portugal (UCP) no Congresso “A busca da verdade em Edith Stein” de 2016, promovido pelos carmelitas descalços de Portugal. A Dra. Teresa é formada em teologia, com tese sobre Urs von Balthasar, especialista também nos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola.
Nessa belíssima palestra, a Dra. Teresa Messias apresenta a trajetória da vida de Edith Stein, desde o seu nascimento até a morte em Auschwitz, à luz de uma chave de leitura: a cruz de Cristo e o Cristo na sua cruz! Mostra como Edith Stein vai descobrindo, paulatinamente, nos acontecimentos importantes de sua vida, a alegria de abandonar-se a essa cruz. No seu nascimento, nas suas diversas crises existenciais, a ponto de pensar em suicídio, no amor à filosofia e encontro com a fenomenologia, na sua participação como enfermeira na primeira guerra mundial, em sua conversão ao catolicismo, juntamente com a frustração por não poder ir diretamente ao Carmelo, unida à de não ser aceita como professora universitária por ser mulher e judia, Edith Stein vai sendo levada a purificar-se e despojar-se do seu perfeccionismo e da vontade de tudo dominar, deixando-se ser conduzida e abandonando todos os seus projetos pessoais para encontrar o sentido último de sua existência, reconhecendo a sua vocação de ser radicada e suportada interiormente por Cristo.
Edith Stein, nesse processo gradual de descoberta de si em seus contornos históricos, reconhece no ódio contra os judeus algo misteriosamente permitido por Deus, e via nele o sofrimento de Cristo que, mais uma vez, se entregava pelo seu povo. Ela aceita livremente carregar sobre os próprios ombros, em nome de todos, aquele pesado fardo, se oferecendo como vítima de sacrifício, junto com Cristo, pelo seu povo. O mistério da cruz não é visto por Edith Stein como um fim em si mesmo, mas como um meio de salvação da humanidade. A ciência filosófica foi conduzindo-a a uma sabedoria ainda mais profunda, chamada por ela de “ciência da cruz”, a sabedoria da união com Deus e do processo de deixar que Deus nos transforme pelo abandono e entrega de si.
Que esse exemplo maravilhoso nos suscite, olhando para a história do presente, com tantas perseguições e mortes a seres humanos, a graça da busca de uma vida sustentada em Cristo, como homem e como Deus.